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Semana de 4 dias ganha espaço no Brasil e no mundo

Pesquisa mostra que 79% dos profissionais concordam em aumentar as horas diárias de trabalho para ter uma semana mais curta

semana de quatro dias © - Shutterstock
por Redação julho 25, 2022
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A semana de quatro dias úteis começa a ser testada no Brasil, repetindo uma tendência verificada em outros países. Os resultados são positivos, segundo a plataforma de recrutamento Indeed e indicam que 79% dos profissionais ouvidos concordam em aumentar as horas diárias de trabalho para ter uma semana mais curta. A maioria, inclusive, está disposta a apoiar a empresa na implementação do novo modelo (84%). A pesquisa ainda indica que a redução dos dias de trabalho melhora a saúde mental (85%) e o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal (86%). 

As companhias que instituíram a nova jornada no Brasil veem melhorias de eficiência, bem-estar dos trabalhadores, retenção de talentos e até aumento de receitas. A semana de quatro dias, no entanto, ainda é uma experiência que vem sendo abraçada por organizações de perfil de tecnologia, como Crawly, NovaHaus, Winnin, AAA Inovação, Gerencianet e Eva.

Fora do Brasil, o conceito tem sido aplicado na Islândia, Reino Unido, Bélgica, Nova Zelândia, Escócia, Japão e EUA, entre outros. “Muitas decidiram adotar regimes mais flexíveis diante do fenômeno do great resignation (profissionais pedindo demissão) e do esgotamento profissional provocado pelo trabalho, condição oficializada na lista da Organização Mundial da Saúde (OMS)”, de acordo com reportagem da CNN. 

Na Escócia, a decisão foi o resultado de uma promessa de campanha do partido vencedor das eleições. Os trabalhadores terão suas horas reduzidas em 20%, mas não vão sofrer nenhuma perda em compensação

O Japão, por sua vez, está considerando implementar uma semana de trabalho de quatro dias, com o governo liderando esse movimento. Uma experiência anterior da Microsoft local e chamada “Work-Life Choice Challenge 2019 Summer”, mostrou que os funcionários estavam mais felizes e 40% mais produtivos com esse modelo.

Os casos da Escócia e Espanha preveem mudança da carga de trabalho, mas sem a redução de salários, como também acontece no Brasil e exige um grande planejamento prévio. Já a proposta da Bélgica é a de redução de salário, acompanhando a diminuição da carga de trabalho. 

Bélgica também oferece um dia a mais de folga

© PP Photos / Shutterstock.com

Quem também entrou na onda da jornada de trabalho de quatro dias foi a Bélgica. O parlamento belga entrou em um acordo e aprovou uma semana útil de quatro dias. Para aproveitar o benefício, no entanto, os funcionários terão de compensar as horas do dia de folga durante os quatro dias de trabalho. Na Bélgica, a carga horária semanal é de 38 horas.

Segundo a nova lei, os colaboradores podem requisitar uma semana de quatro dias como um teste dentro de seis meses. Se gostarem do novo formato, eles podem permanecer com o modelo. Se não, voltam à tradicional semana de cinco dias úteis.

Modelo menos exaustivo no Brasil

Por aqui no Brasil, a agência de comunicação Shoot, de Porto Alegre, instituiu a semana de trabalho de quatro dias em um modelo bem menos exaustivo, com carga de trabalho diário de apenas seis horas. A medida não trouxe nenhum revés para os 11 funcionários da empresa, que continuam recebendo o mesmo salário e folgam três dias por semana desde janeiro deste ano. Além disso, não há controle de entrada e saída dos colaboradores. De acordo com Artur Scartazzini, CEO da empresa gaúcha, não houve redução na produtividade e nem do lucro da agência com o novo modelo.

Para que o novo esquema fosse viável, a empresa rearranjou a equipe em dois grupos de trabalho: o primeiro, formado por quatro pessoas, que trabalham de segunda à quinta-feira. O segundo, com as sete restantes, atua de terça à sexta-feira. Todos os funcionários têm carteira assinada, não perderam benefícios e ganham salários compatíveis com o mercado – que variam entre R$ 2 mil a R$ 7 mil, dependendo da função. Para o CEO da empresa, o trabalho é parte da vida pessoal de cada um dos colaboradores e não o contrário.

A Shoot não implementou a jornada de trabalho de quatro dias de uma vez. O assunto já era uma ideia dentro da empresa desde julho de 2021, quando Scartazzini começou a estudar a possibilidade.  E foi entre setembro e dezembro de 2021 que a empresa passou a dar folga para todos na última sexta-feira do mês. 

O CEO da Shoot diz que a iniciativa trouxe ótimos resultados e permitiu uma evolução para o modelo que é adotado atualmente. A mudança aconteceu após um evento de imersão da Shoot realizado em janeiro na Praia da Ferrugem, em Garopaba (SC).




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