close

Resiliência e adaptabilidade “salvam” médias empresas brasileiras, mostra estudo

Estudo da FDC mostra que resiliência e capacidade de se adaptar garantiram bons resultados nas médias empresas brasileiras na pandemia

medias empresas © - Shutterstock
por Redação junho 29, 2022
  • Desenvolvimento de médias empresas Mais informações
    Desenvolvimento de médias empresas

A resiliência e a capacidade de se adaptar salvaram resultados nas médias empresas brasileiras nos dois anos críticos de restrições impostas pela pandemia. É o que demonstra o Radar de Mercado das Médias Empresas – Análise do Desempenho Financeiro entre 2020 e 2021 – recém-lançado pela FDC Médias Empresas, um núcleo de estudos da Fundação Dom Cabral que avaliou resultados de mais 2,7 mil médias empresas brasileiras no período.

A análise foi baseada em três macro tópicos: Receita Líquida, Ebitda e Lucro Líquido – que serão detalhados a seguir – e envolveu empresas de comércio, indústrias e serviços. 

O estudo da FDC usou a classificação de “média empresa” do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que enquadra nesse recorte range todas as companhias que faturaram entre 4,8 e 300 milhões de reais por ano.

“O mundo empresarial vive, após 2020, um “novo” cenário, com inflação em alta, volatilidade e incertezas. Após uma queda acentuada (a maior do Plano Real) do PIB em 2020 (-4,36%), a recuperação em 2021 praticamente “compensou” a queda do ano anterior (+4,60%)”, pontua Eduardo Menicucci, professor associado da FDC e um dos responsáveis pelo estudo. Além disso, a taxa básica de juros da economia, que em 2020 atingiu o menor nível da história econômica recente (2%), aumentou quase sete vezes até junho de 2022 (chegando a 13,25%). A principal justificativa para esse crescimento, segundo o levantamento, foi a “tentativa” do Bacen (Banco Central do Brasil) de conter a inflação. E a inflação, por sua vez, aumentou em grande velocidade, provocando um reajuste nas estruturas de custos e despesas das médias empresas.

A alta inflacionária reflete, entre outros pontos, no Ebitda das companhias médias e na própria economia do país que, mesmo diante de todo esse cenário, registrou crescimento de 1% no PIB do primeiro trimestre de 2022 e pode alcançar 1,5% de incremento no ano (projeção do Banco Mundial).

Ebtida demonstra adaptabilidade das médias empresas 

Utilizado como um dos principais indicadores de eficiência operacional de empresas, o Ebtida (receita líquida antes de custos e despesas, numa tradução simplificada) apresentou margem positiva nos três setores avaliados. Destaque para o setor de serviços, cuja margem Ebtida cresceu mais de 41% em 2021. 

Na indústria, o avanço foi de 24% no ano passado e no comércio o crescimento do Ebtida ficou acima de 11% em 2021. “Interessante avaliar que, mesmo no comércio, que teve queda na receita líquida (veja a seguir) houve crescimento na margem Ebtida”, pontuam os autores do estudo.

O bom desempenho na margem Ebtida, segundo eles, pode ser creditado a vários fatores, entre os quais se destacam a melhor gestão de compras, melhores negociações com fornecedores, capacidade (ainda que não total) de repasse em preços dos aumentos dos custos e maior controle de despesas. Nesse último aspecto, chama atenção o fato de os funcionários das áreas administrativas ainda continuarem, se não na totalidade, em grande parte trabalhando em home office, o que reduz custos com alimentação, transportes, locação de imóvel, manutenção, telefonia, energia e outros.

Receita Líquida e o reflexo no Lucro Líquido

lucro
© – Shutterstock

Com ajustes nas despesas (capex), a receita líquida de médias indústrias e prestadoras de serviços também foi crescente no acumulado dos dois anos de pandemia. No primeiro caso o avanço foi de 7,92% e nos serviços de 20,7%. 

Já nas médias empresas de comércio, a receita líquida apresentou queda acentuada (37,9%) entre 2020 e 2021. Entre as supostas razões identificadas pelo estudo estão a redução do Auxílio Emergencial e o efeito da inflação na renda da população, o que acarreta em queda no PIB per capita. 

Mesmo com esse dado negativo da receita líquida, o estudo da FDC surpreende ao mostrar que isso não se refletiu exatamente na última linha do balanço das médias empresas de comércio: o lucro líquido.

Lucro líquido positivo em todos os setores

O estudo identificou aumento do lucro líquido das empresas de comércio em 3,3% e 6,1% em 2020 e 2021, respectivamente. Na indústria, houve queda em 2021 (-6,36%), mas incremento maior em 2020 (7,25%). O setor de serviços, por sua vez, apresentou o melhor desempenho dos três grupos avaliados no quesito lucro líquido, fechando com incremento de 9,2% em 2020 e de 15,78% no ano seguinte. 

“A primeira e mais relevante observação é que os três setores auferiram lucros líquidos no acumulado do período, mesmo com todas as adversidades”, pontuaram os autores do levantamento.

Destacando o “assombro” da inflação, que – além dos óbvios aumentos em insumos e matérias-primas, promove a transferência destes incrementos de custos e despesas no preço dos produtos e serviços, retroalimentando o risco – os autores do estudo relatam a percepção de que as médias empresas administraram de forma bastante saudável o desafio da gestão de custos e despesas, aumentando a margem Ebitda durante a pandemia.

“Além disso, e talvez mais relevante na amostra de mais de 2.700 médias empresas analisadas nos três setores, foi a margem líquida positiva, mesmo com queda de receita no setor de comércio e ligeira redução da margem líquida na indústria”, destacaram.

O processo de análise foi realizado pelo professor associado da FDC, Eduardo Menicucci, e contou com apoio do Atlas Inteligência para Gestão, com a coordenação geral de Mauro Oliveira, gerente de projetos de Médias Empresas da FDC. 




Os assuntos mais relevantes diretamente no seu e-mail

Inscreva-se na nossa newsletter