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O que são NFTs e por que despertam tanto interesse?

Os tokens não fungíveis (NFTs) funcionam como contratos com autenticidade garantida. Justamente por isso, vêm ganhando espaço em vários segmentos.

o que sao nfts © - Shutterstock
por Redação abril 6, 2022
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O ano de 2021 marcou a entrada de criptomoedas em bolsas de valores, por meio de ETFs, além de sua adoção por investidores institucionais. A capitalização desse mercado alcançou US$ 3 trilhões. Com isso, várias soluções do universo cripto passaram a chamar a atenção de investidores. Entre elas, os NFTs, um dos termos mais buscados pelos usuários do Google no ano passado. 

E não é para menos: vários canais de notícias relatam a venda dos tokens não fungíveis (NFTs) por valores bilionários, além de seu uso nas mais diversas aplicações. No ano passado, o mercado de NFT cresceu mais de 41.000% em relação a 2020. E a tendência se mantém. 

Em janeiro deste ano, o jogador Neymar pagou cerca de R$ 6 milhões por duas ilustrações dos “macacos entediados” da Bored Ape Yatch Club, vendidas no formato NFT. O cantor Justin Bieber também comprou um NFT da mesma coleção, por cerca de R$ 6,9 milhões.

O interesse em torno do tema vem aumentando tanto que até a Receita Federal já estabeleceu um código específico para que os contribuintes façam a declaração de suas NFTs no Imposto de Renda 2022.

Afinal, o que são NFTs?

O termo NFT vem do inglês non-fungible token, ou token não fungível. Para entender melhor esse conceito, é preciso, antes, saber o que é um token fungível. 

A ideia de algo fungível remete a itens que se misturam e podem ser substituídos por outros de igual valor. Por exemplo: duas notas de US$ 100 valem a mesma quantia e podem ser trocadas entre si, sem que uma delas se desvalorize. 

Já itens não fungíveis são únicos, pois não existem dois iguais. Ou seja, um token não fungível não pode ser substituído por outro. Isso explica o porquê de as NFTs serem tão valorizadas no mercado artístico. Afinal, quem compra uma obra de arte em NFT tem a garantia de sua autenticidade e exclusividade, e quem vende sabe que não poderão ser criadas réplicas. 

Aliás, cópias até podem ser feitas, o que na visão dos artistas contribui para a valorização das obras. Para ilustrar, quanto mais cópias da Mona Lisa circulam pelo mundo, mais o quadro original se torna conhecido e, portanto, valorizado. 

O que garante a autenticidade dos NFTs?

Essa segurança vem do fato de que os NFTs contêm smart contracts (contratos inteligentes) programados em blockchain. Uma vez publicados, não podem mais ser alterados. 

Tais contratos funcionam de forma automática, sem a necessidade de intermediação. Assim, um artista digital pode, por exemplo, programar um smart contract em sua obra, garantindo que, caso ela seja revendida no futuro, ele receba um percentual de remuneração. 

Mas o uso de NFTs vai muito além de negociações de obras de arte. Os tokens estão se tornando populares em games e devem ser instrumentos essenciais para viabilizar transações no metaverso, mas também já há registros de uso nos mais diversos segmentos. 

Conheça os principais usos de NFTs

Além do mercado artístico, que realmente popularizou os tokens não fungíveis, existem outros usos relevantes, que se baseiam no conceito de originalidade e segurança dos NFTs.

1. Artes audiovisuais

Quando falamos em obras de arte, não nos referimos somente a imagens, uma vez que os NFTs podem conter conteúdos audiovisuais. Recentemente, por exemplo, o festival Coachella Valley Music and Arts lançou NFTs que garantem acesso vip e vários benefícios aos seus portadores. 

No ano passado, o músico André Abujamra também vendeu uma de suas produções por meio de NFT. Na ocasião, ele afirmou ao jornal O Globo ter ganho, em duas semanas, com 80 segundos de música, mais dinheiro do que em toda a carreira inteira no Mulheres Negras.

Outra venda surpreendente foi a do colunista de tecnologia Kevin Roose, do New York Times, que arrecadou US$ 560 mil por um texto exclusivo.

2. Metaverso

© – Shutterstock

Uma pesquisa da Gartner aponta que, até 2026, um quarto da população mundial usará alguma ferramenta ligada ao metaverso. Além disso, 30% das organizações devem fazer parte desse universo virtual. Até mesmo a prefeitura do Rio de Janeiro já estuda meios de colocar a cidade no metaverso, criando NFTs de patrimônios culturais.  

No metaverso – definido como um ambiente criado por realidade aumentada, capaz de proporcionar experiências imersivas aos usuários –, as empresas poderão criar lojas virtuais para a venda de produtos, organizar conferências online, shows e outros eventos.

Como não há limite geográfico físico no metaverso, não faz sentido que as transações sejam pagas por dinheiro fiduciário. Então, é aí que entram os NFTs, que certificam as transações. 

3. Compra de terrenos virtuais

Pode parecer algo ainda muito distante da realidade, mas as propriedades virtuais estão se valorizando. 

No ano passado, uma imobiliária especializada em ativos virtuais comprou um terreno na plataforma Decentraland pelo equivalente a R$ 13 milhões. O objetivo, segundo a Reuters, é promover (no ambiente virtual) eventos de moda e construir lojas de roupas. 

De acordo com o relatório da Grayscale, a receita gerada a partir de mundos virtuais pode chegar a US$ 400 bilhões em 2025.

4. Causas sociais

Já existem vários registros de uso de NFTs para arrecadar recursos para causas sociais. Um exemplo disso é a coleção de artes Favela Carioca, que contém 96 ilustrações representando comunidades do Rio de Janeiro. Parte do valor de cada venda irá para a comunidade em questão. 

Outra situação recente que ilustra o uso em causas sociais foi a arrecadação de recursos, por meio da venda de obras digitais em NFTs, para ajudar uma criança a fazer um tratamento com células-tronco na Europa.

5. Identidade digital

© – Shutterstock

As NFTs podem se tornar ferramentas para armazenamento de dados pessoais. Neste caso, as informações ficam protegidas e o token garante a sua autenticidade. É possível armazenar documentos diversos, senhas e até registros médicos, como exames e histórico de saúde. 

A NFT poderá, também, armazenar uma assinatura digital, a ser utilizada em redes sociais, por exemplo, tornando-se um instrumento importante para combater a disseminação de fake news, já que a postagem terá a garantia de autenticidade de seu autor.

6. Histórico de saúde

Com os avanços da telemedicina com a digitalização e a necessidade de preservar dados pessoais, é cada vez mais importante que as pessoas tenham seu histórico de saúde armazenado em um local seguro e protegido. Por tudo que já foi explicado, nada melhor que uma NFT para isso, portanto. 

7. Games

Os jogos play-to-earn inverteram a lógica da indústria de games. Até um passado recente, os gamers precisavam pagar para jogar (seja pelo jogo em si, seja pelos itens). Hoje, na nova modalidade, os jogadores são remunerados – e já existem casos em que isso se tornou uma verdadeira fonte de renda.

Um estudo da InvestGame mostrou que, somente no primeiro semestre do ano passado, esse mercado já havia movimentado US$ 476 milhões. O relatório apontou que os NFTs são a base deste sucesso, sendo a tecnologia que garante a autenticidade e exclusividade dos tokens.

Como é possível perceber, as possibilidades dos NFTs são quase infinitas e a tendência é de que as soluções sejam cada vez mais utilizadas, substituindo contratos complexos e que dependem de intermediários.




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