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ESG no agronegócio é caminho sem volta, mostra publicação

E-book da Fundação Dom Cabral confirma que o ESG no agronegócio é cada vez mais crucial

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por Redação fevereiro 21, 2022

O agronegócio é um dos setores mais importantes para a economia brasileira e os números recentes confirmam isso: em 2020, a soma de bens e serviços gerados pelo setor chegou a R$ 1,97 trilhão. Isto equivale a 26,6% do PIB brasileiro. Dentre os segmentos, a maior parcela é do ramo agrícola, com 18,5% de participação no PIB (R$1,3 trilhão), seguido da pecuária, com participação correspondente a 8,1%, ou R$ 602,2 bilhões. 

Em 2019, o setor já empregava quase 18,3 milhões de pessoas no país e o segmento deve crescer ainda mais no futuro, uma vez que o Brasil é um dos grandes produtores que deve ajudar a nutrir as cerca de 9,7 bilhões de pessoas que devem povoar o planeta em 2050.

ESG no Agronegócio: desafios a serem enfrentados

Apesar dos números positivos, o agronegócio sofre uma pressão pelos desafios que precisa endereçar. A lista de impactos negativos não é pequena: globalmente, o setor é responsável por 23% das emissões, mais de 60% do uso de água e 30% da demanda de energia. 

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As fronteiras agrícolas também são limítrofes de ecossistemas sensíveis, como a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal, causando desmatamento e diminuição da biodiversidade. Por várias razões, as práticas de gestão ainda seguem padrões muito tradicionais, com casos de violação de direitos humanos e a falta de uma cultura de saúde e segurança que globalmente causa a morte de mais de 170 mil pessoas por ano. 

Grandes empresas e investidores focam em ESG no Agronegócio

Os dados são do e-book lançado pela Fundação Dom Cabral (FDC), que tem como foco o agronegócio e a aplicação das políticas ESG (sustentabilidade, responsabilidade social e governança). Intitulada Benchmarking de ESG no Agronegócio, a publicação foi lançada em janeiro de 2022 e tem dez autores, incluindo o diretor do Núcleo de Sustentabilidade da FDC, Heiko Hosomi Spitzeck. 

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De acordo com os autores, a pressão citada acima tem nome e sobrenome. “A sociedade global tem cobrado das empresas – e consequentemente de seus parceiros na cadeia de valor – práticas cada vez mais próximas do âmbito ESG”, informa a introdução do livro. E cabe principalmente aos dois principais atores do agronegócio no Brasil – as grandes empresas e os investidores – endereçar essas demandas.

No caso das corporações, elas reconhecem que os clientes em economias desenvolvidas valorizam a sustentabilidade, bem-estar, nutrição e saúde. Já os investidores têm aprendido que boas práticas ESG protegem seus investimentos ao reduzirem riscos socioambientais. E não há volta: um exemplo citado no e-book é o de uma gerente jurídica de empresa do setor que destaca que as respostas insuficientes aos questionários dos bancos começam a ter consequências. Em 2020, por exemplo, o fundo Nordea parou de investir na JBS por questões ambientais e de saúde e segurança ocupacional. 

Livro destaca as iniciativas positivas em ESG no agronegócio 

Por outro lado, as iniciativas positivas também fazem parte do e-book, incluindo a Suzano, que foi capaz de reduzir o custo de capital com a emissão de vários sustainability-linked bonds, os quais vinculam condições financeiras favoráveis ao cumprimento de metas ESG. Um outro entrevistado pelos autores do e-book pontuou que “o custo do dinheiro fica melhor e os grandes não estão fazendo ESG à toa”. O e-book da FDC, entre outras coisas, consolida as razões econômicas pelas quais as corporações têm o ESG em seu radar. 

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As empresas analisadas neste benchmarking investem em ESG e se destacam, principalmente, pela eficiência operacional, uma vez que conseguem otimizar o uso de energia ou água, o que pode auxiliar na redução de custos de operação. A Suzano, por exemplo, conseguiu reduzir o uso de água na produção de fibras têxteis em 54%. 

A ADM, em outro exemplo, reduziu o uso de energia em 30% entre 2018-2020, o que ajudou a diminuir custos em mais de R$ 70 milhões. 

Outra frente que impulsiona o ESG é a gestão de riscos: acidentes no trabalho, áreas embargadas, corrupção e trabalho escravo podem impossibilitar empresas de emitir notas fiscais e ocasionam custos jurídicos, provocando também impactos negativos na reputação da empresa.

Outra razão é a atração e retenção de talentos, pois as corporações que investem em digitalização, no uso de tecnologia no campo e outras tendências requerem uma mão de obra cada vez mais qualificada. No entanto, questões como salários no setor, a atratividade e qualidade de vida no campo e outros fatores afetam a possibilidade de atrair e reter talentos. “Um profissional do setor destacou o desafio da qualificação e retenção de mão de obra em um ambiente que considero uma indústria de céu aberto”, destaca o e-book. A lista de razões inclui ainda o acesso a mercados mais avançados em ESG, o potencial de cobrar preços premium e o acesso ao mercado de capitais. “ESG é um caminho sem volta”, destaca um dos entrevistados para o livro, que fundou e lidera – como acionista majoritário – uma companhia do ramo. 




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